Os dois últimos anos, sem a menor dúvida, vão entrar para a história. Depois do COVID19, o mundo nunca mais será o mesmo. As relações pessoais, de trabalho, o comércio e a produção foram profundamente transformados e o que levaria dez, quinze ou talvez vinte anos para acontecer em algumas áreas, foi condensado em menos de dois anos de transformações radicais. Mas a pandemia não foi a única coisa que aconteceu neste período.
A sociedade sofreu uma metamorfose acelerada em tudo que se relaciona com a sustentabilidade. A mobilidade, a produção, a alimentação, as fontes de energia, a preservação ambiental, a maneira de lidar com resíduos, os investimentos, o consumo, o acesso à informação e também as relações de trabalho. Tudo isso é, hoje, completamente diferente do que era em 2019 e, após estes dois anos de parênteses, começaremos 2022 de uma forma muito, mas muito mais comprometida com a sustentabilidade.
Os carros elétricos, que eram raridade, se tornam mais comuns nos grandes centros e tendem a se espalhar com velocidade. A pressão por uma produção sustentável e com boa governança nos níveis ambiental e social é cada vez maior, tanto por parte dos investidores quanto dos consumidores. As empresas sustentáveis são ainda mais valorizadas e o que era visto como um custo há alguns anos hoje é claramente um ativo. Os consumidores passam a dar mais valor para marcas ambientalmente responsáveis e passam a buscar alimentos orgânicos e com certificação de origem, o que deve ser cada vez mais explorado pelas empresas nas suas marcas. A pandemia funcionou como um catalisador de todas estas mudanças, trazendo diretamente determinadas questões ou apenas abrindo espaço para pensarmos em outras. Mas o que ocorreu foi uma mudança de mentalidade, que já estava para acontecer.
Na COP26, o compromisso oficial do Brasil de redução de 50% das emissões até 2030 e neutralização total dos GEEs até 2050 evidenciou que estamos, de fato, na era da sustentabilidade.
Depois das três revoluções industriais, do século 18 ao século 20, entramos na Era da Informação e do Conhecimento, com transformações cada vez mais profundas e aceleradas. É possível dizer, sem medo de errar, que nos últimos 30 anos, a sociedade e o estilo de vida das pessoas mudou mais do que nos três séculos anteriores.
A Sociedade da Informação, muito mais voltada para serviços do que para produção, ficou marcada com o surgimento da internet, a facilidade do trânsito de pessoas pelo mundo, a diminuição de barreiras econômicas e o smartphone conectado. Esse aumento do fluxo, ao mesmo tempo que possibilitou um boom econômico, também possibilitou uma pandemia global. Ao mesmo tempo que exigiu um aumento de produção, também facilitou a informação em duas vias, pois não apenas consumimos, mas geramos informações o tempo todo. E, com isso, vieram as reflexões.
Hoje, na Era da Sustentabilidade, questionamos o tempo todo as relações de produção e o impacto do consumo no ambiente e na sociedade. Onde o comportamento colaborativo passa a ser cada vez mais natural, a tecnologia precisa servir a um propósito coletivo.
As pessoas estão buscando mais qualidade de vida e contato com o mundo. Há uma forte dicotomia entre tecnologia e globalização e uma valorização de aspectos locais e naturais. Estamos buscando um equilíbrio entre a vida moderna, com seus avanços tecnológicos e industriais, e a sustentabilidade.
A busca por este propósito e por um equilíbrio sustentável gera valor e começa a surgir uma nova economia, que não existia antes. Maneiras cada vez mais criativas e inteligentes de gerar valor na sustentabilidade nas mais diversas áreas da economia.
De um lado, startups altamente disruptivas surgem daí e, de outro, empresas mais tradicionais de setores como agroflorestal, logística reversa, resíduos sólidos, celulose, indústria de equipamentos, transporte de cargas, logística e energia fazem investimentos gigantescos em tecnologia e inovação pois sabem que serão indispensáveis na Era da Sustentabilidade.
Vinicius Cruz Camargo
CEO, Hawk Digital Marketing
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